vuXxe sAbE falAH miguXexX ?!

“Você sabe falar miguxês?” É o que está escrito aí em cima na nova linguagem dos jovens

CARINA RABELO

FOTOS: MURILLO CONSTATINO; SHUTTERSTOCK
TRIBO Beatriz (à dir.) se comunica com um grupo de dez amigas apenas em miguxês

A cada geração, os adolescentes criam seus códigos específicos de comunicação. É uma forma de caracterizar o grupo e, principalmente, excluir os mais velhos da conversa. Quem não se lembra da Língua do P (a letra P vinha sempre no início de cada sílaba), que embalou as conversas juvenis dos adultos de hoje. Atualmente, está na moda o “miguxês”, uma derivação do “internetês”, linguagem utilizada pelos jovens na internet na última década. O internetês surgiu durante a troca de mensagens na rede por e-mail, MSN e Orkut e tinha como proposta abreviar as palavras e simplificar o texto. O objetivo do miguxês é complicar a escrita e ir além do mundo virtual. “Não consigo entender nada do que elas conversam”, comenta Estella Oliveira, mãe de Beatriz Oliveira, 12 anos, que se comunica com um grupo de dez amigas apenas em miguxês. “Todos os meus colegas na escola falam e escrevem assim. No início parece estranho, mas a gente aprende rápido”, diz ela. Uma frase como “Quero ir à festa da escola hoje à noite” vira “KErU I a fEstAh daH eScolaH HJ A Noiti”.

TÔ FORA Juliana desistiu da língua depois de ir mal na escola

O miguxês foi criado pelos emos, tribo de adolescentes que valoriza a emoção. A linguagem transcendeu o grupo e alcançou jovens e adolescentes de todo o País, como o baiano Márcio Miler Monteiro dos Santos, 15 anos, que mora em Salvador, na Bahia. “É uma forma diferente e carinhosa de se comunicar com os amigos”, afirma. A proliferação do miguxês só foi possível graças ao MSN e comunidades do Orkut, que divulgam a linguagem e defendem o uso dela entre os adolescentes.

Uma das polêmicas em torno das novas linguagens é o risco de atrapalhar o aprendizado da escrita formal nas redações escolares. Foi o que ocorreu com a estudante Juliana Freitas Nascimento, 16 anos, que chegou a tirar nota 2 em uma prova, por errar a grafia das palavras. “Quando vi que estava me prejudicando, me irritei gà m o miguxês. Hoje, tô fora dessa bobagem”, comenta. Pesquisadores, no entanto, garantem que não há motivo para alarde. “A língua sempre foi um campo de tensão entre as novas gerações e as anteriores, que temem as mudanças. Não há riscos. Os jovens conseguem diferenciar as situações de interlocução e sabem quando é o momento de escrever certo”, diz a psicanalista Cláudia Rosa Riolfi, pesquisadora e professora da faculdade de educação da Universidade de São Paulo. Além disso, assim como as modas anteriores, essa também passa.

Gramática própria
• As letras S e C são substituídas por X, para infantilizar a fala. Ex: Você (Vuxeh)
• Os acentos agudos e circunflexos são substituídos pela letra H no final da palavra e o til pelas letras N/M. Ex: Será (Serah) / Não (Naum)
• O I é substituído pelo EE. Ex: Gatinha (Gateenha)
• A letra O vira U. O dígrafo QU e a letra C viram K. Ex: Quero (Keru)
• O U não silábico vira W e o E vira I. Ex: Escreveu (Ixcrevew)
• As letras maiúsculas são usadas sem critério

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