Quem acompanha o Que falta… sabe que o Yahoo é nosso campeão de cochiladas. Então, para comemorar o retorno às atividades e a inauguração da página no Facebook, com vocês, o Yahoo em dose dupla!
Cochilada 1: Onde está a crase?
A crase é assunto complicado (já tratamos dela aqui), com certeza, mas há alguns truques simples para não errar no uso. Um deles, o mais importante, é saber como o verbo se relaciona com o que vem depois dele (explicação sem muito gramatiquês). No presente caso: quem diz, diz alguma coisa a alguém. Esse a é uma preposição, que, ao se encontrar com o artigo a (a criança), funde-se com ele. E isso é indicado pela crase (à ). Então, o tÃtulo deveria trazer: “Descubra o que dizer à criança…”.
Alguém poderia dizer que nessa frase o a poderia ser apenas preposição; por isso, não haveria crase. Certo, mas seria uma construção artificial, forçada. Por exemplo, ninguém escreveria: “Descubra o que dizer a idoso que…” ou: “Descubra o que dizer a operário que…”. O uso de preposição mais artigo individualiza, especifica o tipo de pessoa a que se diz algo; não é a uma criança em geral, não é a qualquer idoso, não é a um operário comum, mas à criança que tem determinada caracterÃstica, etc. Por isso, crase!
Cochilada 2: Pára, menino!
O péssimo Acordo Ortográfico tirou o acento diferencial da terceira pessoa do singular do verbo parar. Em português antigo, as pessoas escreviam: “Ele pára o escritório quando chora!” ou: “Pára já com essa reclamação toda!”. (Eu continuo escrevendo assim.) Agora, a preposição para e a forma verbal pára são iguais: para.
A primeira leitura que fiz do tÃtulo capenga foi: “Descubra o que dizer à criança que não pára para perguntar”. Pensei se tratar de orientação para pais preocupados com o filho que não faz perguntas cabeludas quando já está na idade ou que não tem curiosidade sobre a morte ou a cegonha.
Relendo é que percebi que faltou o de antes de perguntar. Assim, o tipo de criança especÃfico de que trata o texto é aquele que não pára de fazer perguntas, que quer saber tudo, que tortura os pais para lhes arrancar a verdade.
Portanto, a redação correta do tÃtulo deveria ter sido: “Descubra o que dizer à criança que não para de perguntar”.
Dica: releia sempre. E mais uma vez!
Como nunca canso de dizer: juntou mais de duas letras, precisa de revisão. Então, sempre, sempre releia seu texto, por mais curto que seja. Tenha certeza de que ele está claro, que não sobrou nem faltou nada. Não cochile!
Abraço!