Mas eu não tenho útero!

O uso desnecessário do possessivo gera frases esquisitas, quando não absolutamente ridículas, como já comentamos aqui.

Ontem à noite li esta no Yahoo, e ainda está lá hoje pela manhã:

Por que usar “seu” ali? Alguém pensaria que a mulher tirou o útero da vizinha? Ou seria um remédio para mulheres que tiraram seu útero, nobre leitor? Existe um tipo de criminosas especializadas em roubar o útero alheio?

Portanto, ao escrever, seja sempre econômico no uso dos possessivos, pois eles são, muitas vezes, dispensáveis. Não precisam ser usados, por exemplo, antes da referência a partes do corpo de quem está falando. Ou quando, como no caso do útero, é óbvio a quem pertence a coisa referida. Em vermelho, como não se deve usar; em azul, a forma correta.

Estou sentindo uma dor no meu coração.
Estou sentindo uma dor no coração.

Ontem machuquei meu joelho e meu pé no jogo.
Ontem machuquei o joelho e o pé no jogo.

Maria teve de extrair seus dentes.
Maria teve de extrair os dentes.

No exemplo acima, como no caso do Yahoo e no artigo da galinha sem cabeça, o possessivo só atrapalha, gerando ambigüidade (neste blog, o trema não morreu).

Em algumas expressões de ênfase (Vi com meus próprios olhos!) ou poéticas

Trago em meu peito
a dor da saudade

o uso do possessivo desnecessário é perdoado.

Voltaremos a falar sobre isso.

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