Encontrei um artigo hoje pela manhã no blog Livros só mudam pessoas, que o copiou da revista Bula. O texto traz o seguinte tÃtulo:
Alguma coisa está estranha, não? Na primeira parte da frase, ninguém é usado como termo singular: ninguém leu. Mas na segunda, ele se torna plural, o que é indicado pela forma verbal mentem. Quem explica essa transformação?
Eu! Eu! o/ hehe
Ocorreu aqui um caso de silepse, que é a concordância pela ideia expressa. “Ninguém” é uma palavra no singular, mas transmite a ideia de um grupo de pessoas que não … alguma coisa. “Ninguém naquela escola gosta de FÃsica!” = os alunos naquela escola não gostam de FÃsica.
Acho que é isso!
Oi, Mari! Bom revê-la por aqui!
Gostei de seu palpite… mas acho que você está sendo muito boazinha com o redator daquele tÃtulo. :)
No exemplo que você sugere, “ninguém” não indica necessariamente “os alunos”, já que na escola há também professores, funcionários, visitantes, pais… Poderia significar “nenhuma pessoa”. No caso do tÃtulo, a meu ver, houve mesmo foi o registro da linguagem oral. Popularmente, talvez, as pessoas falem desse modo, começando uma frase com termo singular, mas pensando em um sentido plural e, depois, mudando o final dela. Algo como: “Eu chamei o pessoal, mas não vieram ninguém”, ou coisas do tipo.
A solução para a esquizofrênica redação é: “Uma dúzia de livros que ninguém leu, mas mente que sim”. Ou: “Uma dúzia de livros que ninguém leu, mas as pessoas mentem que leram”. Ou ainda: “Uma dúzia de livros que as pessoas dizem terem [ou, que leram] lido, mas ninguém leu”. Ou similares.
Obrigado por sua participação. A concordância siléptica é um assunto cabeludo e interessante. Legal você tê-lo mencionado.
Volte sempre. Sua vaga de colaboradora está devidamente espanada e desocupada. :)
Abarço.